O mirtilo (blueberry ou uva-do-monte) é uma fruta que tem se tornado cada vez mais popular no Brasil, especialmente por seu alto valor nutritivo, sabor único e versatilidade. O cultivo desta fruta exótica tem sido recorrente no Sudoeste Paulista e em outras regiões com clima ameno, o que favorece o crescimento dessa espécie.
O engenheiro agrônomo, Ricardo Wernek, apostou nesta fruta e há sete anos deu início ao cultivo em sua propriedade localizada em Ribeirão Branco, na chamada Serra do Capote. Além do mirtilo, ele também produz amora.
“Produzimos framboesa, amora e mirtilo. Iniciamos o plantio das primeiras mudas há sete anos, inicialmente porque gostamos dessas frutas e pela qualidade nutracêuticas delas. A produção está em evolução. Foram anos para adaptarmos as variedades, aprendermos um pouco mais sobre o manejo e a desenvolvermos parceria com uma empresa compradora da produção”, conta.
Mirtilo
O mirtilo é uma fruta pequena, de cor azul escuro a roxa, conhecida pelo seu alto teor de antioxidantes, como antocianinas, que ajudam na proteção celular e na prevenção de doenças. É também uma excelente fonte de vitaminas C e K, além de fibras e minerais.
Ele necessita de um clima temperado para crescer de forma ideal e se adapta bem em regiões com temperaturas amenas e invernos frios, o que faz com que o Sudoeste Paulista seja uma boa área para o seu cultivo.
“A variedade de clima que temos é propício para o seu cultivo, pois ele necessita de certas horas de frio no inverno e possui melhor adaptação acima dos 900 metros de altitude”, frisa Wernek.
A planta exige solo bem drenado, ácido (pH entre 4,5 e 5,5) e bastante matéria orgânica. A irrigação é essencial, especialmente em períodos de seca. O cultivo de mirtilo pode ser feito tanto no campo, quanto em estufas, e a colheita ocorre geralmente entre os meses de janeiro e fevereiro, dependendo das condições climáticas e das variedades plantadas.
O consumo de mirtilo tem crescido, principalmente devido ao aumento da demanda por produtos saudáveis. Além do consumo in natura, o mirtilo é utilizado para a produção de sucos, geleias, e até em receitas culinárias como bolos e sobremesas.

Amora
A amora é uma fruta da família das mulberry, com pequenas drupas agrupadas em uma estrutura que parece uma framboesa grande. A fruta pode variar entre o roxo escuro e o vermelho, e também é rica em vitaminas C, A e K, além de ser uma boa fonte de fibras e antioxidantes.
A amoreira é uma planta adaptável a diferentes tipos de solo, mas prefere terrenos bem drenados e levemente ácidos. Ela também se dá bem em climas subtropicais e temperados, o que é comum no Sudoeste Paulista.
A colheita ocorre principalmente entre o verão e o outono, e a frutificação pode durar um pouco mais, o que aumenta a produtividade da planta.
A amora, como o mirtilo, tem visto um aumento em sua demanda, devido aos seus benefícios para a saúde. Elas são consumidas in natura, mas também são amplamente usadas para a produção de sucos, geleias e sobremesas. Tanto que toda a produção do engenheiro é comercializada para uma determinada empresa da região.
“A distribuição da minha produção é realizada em parceria com uma empresa local de polpas. Ainda não desenvolvemos a distribuição in natura dessas frutas. A produtividade desejada por planta seria de 0,8 a um quilo de frutas por planta, mas ainda não conseguimos e estamos com média de 0,3 por planta. Hoje temos um hectare de plantio com duas mil plantas de cada uma destas culturas”, contou Wernek.
Ambas as culturas, mirtilo e amora, têm um potencial significativo para o desenvolvimento econômico na região. O cultivo dessas frutas pode ser realizado de maneira sustentável, com práticas agrícolas que minimizem o impacto ambiental, como o uso racional de recursos hídricos, a adoção de técnicas de controle biológico de pragas e o manejo adequado do solo.
No entanto, o cultivo dessas frutas exige atenção especial à gestão de pragas, doenças e à manutenção da qualidade do solo. Além disso, como são frutas de alto valor agregado, o mercado competitivo demanda que os produtores busquem excelência na qualidade, colhendo as frutas no ponto ideal e utilizando boas práticas de manejo pós-colheita.
“O limitante para estas culturas está no alto investimento para a implantação, principalmente no custo de mudas e na instalação do sistema de irrigação. Tratam-se de culturas que são altamente sensíveis a produtos químicos e portanto o cultivo deve ser realizado utilizando produtos orgânicos e biológicos”, confessa.
Se você está considerando o cultivo de mirtilo e amora, o Sudoeste Paulista oferece boas condições climáticas e um mercado em expansão, o que pode ser uma oportunidade promissora para a agricultura da região, porém é necessário disponibilidade.
“Para quem deseja iniciar o cultivo dessas frutas, a sugestão é ter um tempo inicial de ao menos dois anos para se familiarizar com as práticas culturais e exigências das culturas”, finaliza o produtor.
